segunda-feira, 24 de junho de 2013

Louis Armstrong - Uma história de Vida


A sua técnica, imaginação e génio musical, tanto na trompete como a cantar, fez de Armstrong o modelo para todos os músicos do seu tempo. Louis Armstrong tocava trompete como se estivesse a cantar e cantava como se tivesse a tocar. Foi o inventor do scat e da trompete no jazz. O seu génio foi mundialmente reconhecido, e como o próprio Armstrong disse: "Uma nota é uma nota em qualquer língua. E se tu lhe acertares - Lindo". Louis Armstrong acertou nessas notas.
Louis Armstrong não era um músico de jazz. Ele era o jazz.
Foi também o mais influente de todos os vocalistas ou cantores de jazz. A audição das suas primeiras faixas cantadas parece indicar uma "normalidade" e "facilidade" que não eram aparentes na época. Ele tinha a capacidade de "adiantar" ou "atrasar" notas, mudar a melodia, colocar a voz, fazer "efeitos" vocais, improvisar o scat, ou simular a improvisação.

Estudos recentes mostram que, de facto, a sensação de improvisação é uma criação artística provocada por treino intenso e por diversas técnicas. Na realidade, o que parece um improviso de Armstrong é por vezes um falso improviso, resultado de muito trabalho e invenção, da mesma forma que um Impromptu de Chopin parece um improviso.
Louis Armstrong nasceu a 4 de Agosto de 1901 em New Orleans. O seu pai abandonou a família pouco depois do nascimento de Armstrong e a sua mãe teve que se prostituir para sobreviver mudando-se para uma área reservada a prostitutas e deixando Armstrong ao cuidado da sua sogra. Armstrong voltou para a sua mãe, que, apesar de carinhosa para Louis e sua a pequena irmã, era uma mãe irresponsável, deixando por vezes os filhos ao cuidado de estranhos - durante dias. 
Armstrong começou por cantar num quarteto de uma barbearia que durante anos se viria a tornar num excelente treino de ouvido musical. Na sua juventude acabou por passar dois anos num reformatório para crianças e adolescentes delinquentes. Acabou por se juntar à banda do reformatório e efectivamente foi-lhe dada uma corneta. Ao sair do reformatório, Louis Armstrong decidiu tornar-se 
músico. 
Começou a tocar (com instrumentos emprestados) em "honky-tonks" e "barrelhouses" na sua terra natal. E acabou por se juntar ao mais famoso grupo da zona, o de King Oliver, na altura considerado o melhor cornetista. Esta oportunidade ofereceu a Armstrong grande publicidade, expondo-o a um público, deixando de ser apenas um músico de fundo numa "honky-tonk". Oliver foi para Chicago em 1918 e Armstrong entrou para o seu lugar na banda de Kid Ory. Em 1919 começou a tocar nos barcos do Mississippi durante o Verão, o que lhe permitiu desenvolver-se como músico profissional que poderia ler e tocar qualquer música pedida ao momento.
Em 1922, King Oliver convidou Armstrong para ir a Chicago tocar segunda corneta no seu grupo. Esta Creole Jazz Band era no mínimo a banda mais influente de Chicago. Gravou os seus primeiros discos com este grupo e casou-se com a pianista do grupo Lil Hardin em 24 e, a pedido desta, foi para Nova York para a orquestra de Fletcher Henderson, uma das grandes bandas da "Grande Maçã". 
Armstrong tinha já o seu próprio estilo e a sua influência noutros músicos era agora sentida. Em Novembro de 25 voltou para Chicago e gravou discos que vieram a revolucionar o que se entendia como jazz. Estas gravações são também as primeiras com Stachmo a cantar. Durante este período trocou a corneta pela trompete e tranformou a música ao criar o scat (melodia inventada/improvisada pelo cantor utilizando palavras sem sentido) na gravação "Heebies Jeebies" em 1926. É bastante claro que Armstrong canta como se estivesse a tocar trompete. 

Em 1929 tomou um papel no espectáculo de Fats Waller e Andy Razaf - "Hot Chocolates"- e a sua versão de "Ain't Misbehavin'" foi uma sensação. Armstrong decidiu então tornar-se num entertainer popular. Foi o primeiro negro a ser realçado em filmes e a ter programas de rádio patrocinados. No final dos anos 30 era uma figura nacional. Formou a sua big band, a qual liderou até 1947. 

Com o colapso da febre pelas big bands, voltou às raízes e formou um pequeno grupo, Louis Armstrong e os seus All-Stars. A banda, apesar de ter os melhores músicos, funcionava como suporte para Louis Armstrong cantar canções populares. Os maiores êxitos foram "Mack The Knife" em 56 e "Hello Dolly" em 64, ambos número um em vários países. Nos anos 50 era um dos mais famosos entertainers do mundo. Fez perto de 50 filmes, percorreu dezenas de países, participou em inúmeros espectáculos e tournées. Quando Armstrong morreu a 6 de Julho de 1971, foi notícia de primeira página em jornais por todo o mundo.