terça-feira, 31 de maio de 2011

A Crise e as contas de Cavaco Silva...


45 mil euros por dia para a Presidência da República.
[ Olha para o que eu digo, mas não olhes para o que eu faço ]


O DN descobriu que a Presidência da República custa 16 milhões de euros por ano (163 vezes mais do que custava Ramalho Eanes), ou seja, 1,5 euros a cada português. Dinheiro que, para além de pagar o salário de Cavaco, sustenta ainda os seus 12 assessores e 24 consultores, bem como o restante pessoal que garante o funcionamento da Presidência da República.

A juntar a estas despesas, há ainda cerca de um milhão de euros de dinheiro dos contribuintes que todos os anos serve para pagar pensões e benefícios aos antigos presidentes.

Os 16 milhões de euros que são gastos anualmente pela Presidência da República colocam Cavaco Silva entre os chefes de Estado que mais gastam em toda a Europa, gastando o dobro do Rei Juan Carlos de Espanha (oito milhões de euros) sendo apenas ultrapassado pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy (112 milhões de euros) e pela Rainha de Inglaterra, Isabel II, que 'custa' 46,6 milhões de euros anuais.

E tem o senhor Aníbal Cavaco Silva, a desfaçatez de nos vir dizer que - "os sacrifícios são para ser 'distribuídos' por todos os portugueses"[...]


(...? E não se pode 'privatizar' a Presidência da República ?...)


[ Texto a circular na Internet ]

O que Importa Saber sobre Portugal antes de Votar em 5 de Junho - II


Distraídos com a campanha eleitoral, muitos de nós (incluindo a maior parte da nossa imprensa) não deu conta de mais uma avaliação muito cáustica que o FMI fez da nossa situação económica, atribuindo implicitamente as responsabilidades a este governo por termos chegado a esta situação. Assim, num comunicado à imprensa da autoria do FMI, lê-se não só que as "melhorias" orçamentais em 2010 foram meramente "marginais" (no código diplomático do FMI marginal significa péssimo ou insuficiente) e que as políticas de combate a estes problemas foram "adiadas". O FMI diz ainda que tínhamos um "enquadramento orçamental frágil".

O press release do FMI confirma ainda aquilo que também já sabíamos: que a crise orçamental e a crise da dívida soberana portuguesa quase deram azo a crise bancária sem precendentes na nossa história recente. Porquê? Porque a subida dos juros da dívida pública nacional e as sucessivas quedas de "rating" da República Portuguesa afectaram o financiamento dos bancos nos mercados financeiros internacionais, o que lhes causou um grave problema de liquidez. Sem fontes de financiamento (com a excepção do BCE), os bancos nacionais responderam restringindo o crédito às famílias e às empresas, o que provocou grandes restrições de crédito no território nacional. Quando há menos crédito, há menos consumo e menos investimento, o que afectou ainda mais a economia nacional.
Porém, os problemas dos bancos não ficaram por aqui. Como foram "convencidos" a colaborar com a estratégia do governo de tentar por todos os meios evitar aquilo que era inevitável (isto é, o pedido de ajuda externa), nos últimos meses os bancos nacionais foram dos principais compradores da nossa dívida pública, o que aumentou em muito a sua exposição à dívida soberana portuguesa. Com todos os riscos que isso acarreta para os nossos bancos se Portugal for forçado a fazer uma reestruturação da dívida... (Obviamente, a mesma lógica se aplica à utilização do Fundo de Estabilização da Segurança Social para comprar a dívida nacional. Descapitaliza-se a Segurança Social em prol da sobrevivência de um governo medíocre. Uma vergonha, no mínimo).

O FMI considera ainda que a crise nacional é estrutural, devido à acumulação de desequilíbrios internos e externos ao longo dos últimos anos. Ou seja, o FMI confirma que a fábula que os problemas nacionais começaram com a crise internacional é um mito. Nas palavras do FMI: “A economia portuguesa enfrenta uma grave crise em consequência da acumulação de desequilíbrios internos e externos e de profundos problemas estruturais, que produziram uma situação de estagnação económica, falta de competitividade e altas taxas de desemprego."


Fonte: Desmitos

domingo, 29 de maio de 2011

O Problema dos Portugueses: Inércia e Passividade !


A revista "Notícias Sábado", que acompanhava o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias deste passado sábado, publicou algumas entrevistas com estrangeiros que se encontram a trabalhar à mais ou menos tempo em Portugal e em que estes revelam as suas opiniões sobre o país e os portugueses. Curioso é que as suas respostas são quase coincidentes, mesmo não se conhecendo uns aos outros ou trabalhando muito distantes uns dos outros.

De vez em quando já tenho lido outras entrevistas ou reportagens semelhantes e constato que os resultados não são diferentes destes agora publicados. Dou atenção às opiniões, porque são desapaixonadas e partem de pessoas cuja capacidade de observação não foi contaminada pelos vícios portugueses e porque  são feitas a partir do distanciamento que lhes é facultado por uma cultura e realidade algo diferente da nossa.

Judith Bauer é alemã e está em Portugal há cerca de onze anos a trabalhar na construção e reparação de violinos, violoncelos e outros instrumento de cordas: "Em Portugal o pior é a burocracia. As pessoas tratam-se por senhor doutor e por senhor engenheiro e não pelo nome próprio e depois como há muitas leis tudo se complica.[...] Não tenho nenhum português a trabalhar comigo[...]. Na Alemanha, uma pessoa que entra às 08h-00 está no trabalho às  07h-50 e às 08h-00 já está a trabalhar. Aqui, às 08h-00 toma-se o café, depois fala-se com o colega e talvez às 09h-00 se comece a trabalhar. Claro que antes do almoço ainda há uma pausa para o café.[...] Em Portugal as coisas não funcionam porque as pessoas fazem quase tudo a fingir. Na cabeça de muita gente não está presente a ideia de que é preciso trabalhar bem e com eficácia. O que é preciso é ser visto."[...]

Sanna Niyyssölä é mestre em musicologia e está em Portugal à procura de trabalho. Apaixonou-se pelo país após ter feito a sua tese de mestrado sobre o fado vadio durante 10 meses. Foi apresentá-la a Helsínquia e voltou. " Temos de trabalhar, cá é tudo mais relax e às vezes precisamos de perguntar as mesmas coisas muitas vezes para conseguirmos uma resposta.[...] Os portugueses também precisam de ser persistentes. Quando querem uma coisa devem lutar por ela."

Rhune Matthiesen e a mulher, portuguesa, decidiram  vir viver para o Porto. " A maioria dos portugueses são pobres ou muito pobres. Recebem salários muito baixos, o salário mínimo é quase nada. Mas depois há outros que recebem muito, muito dinheiro, que têm muitas casas e vários carros. Na Dinamarca não há uma diferença tão grande entre o ordenado de uma empregada  de limpeza ou de um mecânico e o de um professor ou médico, e isso choca-me.[...] Em Copenhaga, a praça da universidade está cheia de bicicletas, no Porto as pessoas  circulam de carro. Até os estudantes vêm para as aulas no seu próprio carro. Não percebo.[...] A maior parte das pessoas passa muito tempo no local de trabalho mas tem uma atitude muito relaxada. Fazem muitas pausas para o café, demoram muito tempo a almoçar e a conversar com os colegas. Em geral penso que a produtividade é fraca porque o esforço também é pouco.[...] A informação não é clara, há muita corrupção, os políticos não gastam bem o dinheiro público. Mas os portugueses toleram, são passivos. São capazes de se zangar numa fila de trânsito mas não agem contra a corrupção. Isto eu não compreendo"

Richard Zimler, americano. Vive em Portugal à vinte anos e já tem nacionalidade portuguesa. " Os portugueses não têm dinamismo. Ficam paralisados, à espera que os problemas desapareçam. Às vezes apetece abaná-los e dizer-lhe: mexam-se, façam alguma coisa pela vossa vida e pelo vosso país.[...] Os portugueses até trabalham muitas horas, mas são pouco eficientes"

Pascal Chesnot, francês. Montou um restaurante de cozinha francesa em Lisboa. Trabalha com pessoas de diferentes nacionalidades. " Portugal viveu sempre em crise. Agora há mais desemprego e as pessoas  sentem maior frustração, mas continuam resignadas. É o fatalismo do país. Pode ser difícil de compreender para um estrangeiro.[...]. Já tive uma cozinheira portuguesa mas não resultou. Queria folgar ao sábado, ao domingo e feriados, indiferente à especificidade deste projecto"

Kristina Joahnsson, sueca, directora-geral do Ikea em Portugal. " É importante que as organizações ofereçam condições para as pessoas se desenvolverem.[...] É preciso ter vontade de mudar e para isso tem de se apostar nas pessoas, são elas que fazem a diferença na vida das organizações e do país.[...] O sol, o bom tempo e o mar são fantásticos, mas só por si não bastam"



Extraído de Notícias Sábado de 28 de Maio de 2011

sábado, 28 de maio de 2011

Uma Igreja sem Salvação...



...Não tem salvação uma Igreja voltada para o passado. Mas sobreviverá uma Igreja que "bebe na fonte cristã e se concentra nas tarefas do presente", aberta ao futuro.

Não tem salvação uma Igreja fixada patriarcalmente em imagens estereotipadas da mulher, linguagem exclusivamente masculina, papéis sexuais pré-definidos. Mas sobreviverá uma Igreja de companheirismo, que vincula instituição e carisma e "aceita mulheres em todos os cargos eclesiais".

Não tem salvação uma Igreja vencida pela arrogância institucional, exclusivismo confessional, negação da comunidade. Mas sobreviverá uma Igreja que seja "uma Igreja ecuménica aberta".

Não tem salvação uma Igreja eurocêntrica e que reclama que só ela tem a verdade, no quadro de um imperialismo romano. Mas sobreviverá uma Igreja "universal e tolerante, que respeita uma verdade sempre maior, que, portanto, procura aprender também com as outras religiões e deixa uma adequada autonomia às Igrejas nacionais, regionais e locais. E que, por isso, também é respeitada pelos homens e mulheres, cristãos e não cristãos". "Não abandonei a esperança de que a Igreja sobreviverá" [...] 


Padre Anselmo Borges in Diário de Notícias de 28 de Maio de 2011

sexta-feira, 27 de maio de 2011

A Democracia segundo Antero de Quental



"A DEMOCRACIA não é uma palavra vã … é a Igualdade Social e Económica, tendo por instrumento a Liberdade Política. É a partilha justa, entre todos os membros da sociedade, dos bens materiais, como garantia duma igual distribuição dos bens morais entre todos. É a ponderação das forças sociais, feita pela lei e pelo pacto livre, em vez de ser feita pelo acaso cego, pela luta fratricida, pelo equilíbrio, a cada momento instável, da concorrência. É o trabalho considerado, definitivamente e realmente, a única base do Estado. É a lei feita, enfim, por todos, em serviço de todos. É o povo chamado ao banquete olímpico da Instrução, da Prosperidade e da Moralidade …

Em duas palavras: o povo pede que o deixem ser homem …"



in DEMOCRACIA, por Antero de Quental, Almanak para a Democracia Portuguesa, 1870 - sublinhados nossos.

J.M.M.



Fonte: Almanaque Republicano

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O Deserto de Ideias Português


Admito que estou muito preocupado. Não estou preocupado com a capacidade, vontade e determinação que os portugueses em geral possam demonstrar para sair da situação sócio-económica em que a classe política e os três principais partidos com assento parlamentar lançaram o país. Não me lembro de nada igual e alguns economistas confirmam que na última centúria, mais coisa menos coisa, Portugal nunca  roçou um grau tão elevado de degradação de todos os indicadores económico-sociais. É por isso que eu não compreendo as sondagens que vão aparecendo e que me parecem configurar uma tendência muito lusa de "estar à beira do abismo e dar o passo em frente", bem como uma falta de senso comum confrangedor.

Independentemente dos discursos políticos, que nada mais têm feito do que balançar entre ataques e acusações mútuas sobre quem é e quem não é culpado da crise, o que interessa saber é quais as propostas dos partidos para atacar a situação em que nos meteram, e isso, como é óbvio, eles não sabem dizer porque não têm ideias. Não basta acusações nem vir dizer o óbvio de que temos que sair desta situação. Isso todos sabemos. O que gostávamos que nos dissessem é como vão aplicar, ponto a ponto, todos os pontos do acordo celebrado com a União europeia, Banco Central Europeu e FMI; esse é o aspecto verdadeiramente relevante, porque o programa do próximo governo nada mais será do que isso. Sim, isso é que gostávamos de saber, mas parece que para os partidos que se vincularam com a troica, explicar e esclarecer isso, é demasiado difícil e complexo. A mim parecia-me a única maneira de desfazer este imbróglio de bi-partidarização em que a generalidade dos portugueses nos estão a meter outra vez, a avaliar pelas sondagens, e que nos vai empurrar para os braços dos mesmos que em três décadas devastaram o país.


Jacinto Lourenço 

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A Fé que Combate dragões no Coração



Exercer a fé na plenitude de Cristo, ou seja, em Cristo, para o nosso suprimento é uma maneira valiosa de permanecer em Cristo, pois tanto o nosso enxerto como a nossa permanência acontecem pela fé (Rm 11.19-20). A sua alma deve, então, pela fé ser exercitada em pensamentos e compreensões como estes: “Sou pobre e fraco, instável como a água. Não posso melhorar. Esta corrupção é muito forte para mim e está prestes a arruinar minha alma. Não sei o que fazer. Minha alma está se tornando um solo ressecado e uma habitação de dragões. Tenho feito promessas, mas deixei de cumpri-las; votos e juramentos me têm sido como nada. Já tive muitas convicções de que eu obtivera a vitória e seria livrado, mas estava enganado. Vejo claramente que, sem socorro e ajuda eminente, estou perdido e serei induzido a um completo abandono de Deus. No entanto, ainda que este seja o meu estado e condição, restabeleçam-se as mãos descaídas e fortaleçam-se os joelhos trôpegos. Vejam, o Senhor Jesus Cristo, que possui toda a plenitude de graça em seu coração, toda a plenitude de poder em suas mãos, é capaz de aniquilar todos esses seus inimigos. Nele há provisão suficiente para meu livramento e necessidade. Ele pode tomar a minha alma prostrada e desfalecida e tornar-me mais do que vencedor... Pode transformar meu solo árido e ressecado em lagos e meu coração sedento e estéril, em fontes de água. Sim, Cristo pode fazer desta habitação de dragões, este coração, tão cheio de concupiscências abomináveis e tentações ferozes, um lugar de ervas e frutos para ele mesmo (Is 35.7)”.

Deus sustentou Paulo em suas tentações com a consideração da suficiência da graça divina: “A minha graça te basta” (2 Co 12.9)... Digo, então, pela fé considere bastante o suprimento e a plenitude de suprimento que há em Jesus Cristo e como ele pode dar-lhe, em qualquer momento, força e livramento...



terça-feira, 24 de maio de 2011

Ora Digam lá se em Portugal Não Somos espertos...!?!

A Falsidade dos Postais Ilustrados...


Gosto da Grécia, aliás, gosto de tudo o que tenha a ver com Mediterrâneo. É a região do mundo que mais me atrái. Quando penso em Mediterrâneo, penso em cultura, cores, cheiros, sabores, azul, amarelo areia, verde, gastronomia inigualável em sabor, diversidade social.

Embora Portugal seja um país mais atlântico que mediterrânico, foi daqui, do Mediterrâneo, que os nossos navegadores tiraram a ideia de partir para outros oceanos em busca de novas terras, gentes e negócios. O Mediterrâneo é o berço e matriz da civilização europeia. É por isso que gosto da Grécia, como gosto da Turquia, tal como gosto de Espanha ou Itália e de quase todos os povos e países que partilham connosco esta casa comum que já foi o maior polo de transacções comerciais europeu e mesmo mundial e de grandes descobertas científicas e realizações culturais que enformaram o mundo ocidental.

Há dois anos atrás, estive na Grécia em turismo. Percebi na altura, e comentei com diversas pessoas das minhas relações, de que a Grécia, pelo menos a que visitei, me fazia lembrar Portugal há 20 ou 30 anos atrás. O problema é que estávamos em 2009...

Hotéis de 5 estrelas, resortes e praias circundados por mato e resíduos de toda a ordem. Lixo em montes nas praias de areias douradas e nas ruas de vilas balneares. Falta de zelo e muito improviso mesmo para receber turistas. Na ilha de Kós, por exemplo, num dos seus mais importantes conjuntos monumentais , o mato que ladeava as ruas que percorriam a milenar escola de Hipócrates era capaz de ter para aí perto de dois metros de altura, envolvendo e ocultando algumas ruínas e estátuas. Pese embora tenha pago 4 euros pela entrada e não os tenha dado por mal empregues, não gostei do que vi, ou do que não vi no meio do capim. No centro da cidade, outros núcleos museológicos a céu aberto apresentavam um confrangedor abandono e ostensivo grau de desleixo e lixo espalhado por todo o lado, pese embora ostentassem antigas placas  que davam conta dos investimentos que a união europeia supostamente ali tinha feito... Não consegui perceber onde, para além das ditas placas, tinham os gregos gasto o dinheiro desses investimentos...

Não quero que passe a ideia que toda a Grécia possa ser assim, provavelmente existirão, outras ilhas, outros lugares, outras cidades mais cuidadas e apresentáveis e que tenham sido objecto de boa aplicação de fundos estruturais. Mas não deixei de pensar nos postais que habitualmente compramos em qualquer viagem turística e também nos que me habituei a ver com paisagens gregas de eleição que nos "esmagam" pela sua beleza. Fotografei alguns locais assim, mas desviei a objectiva do lixo circundante e as minhas fotos ficaram quase parecidas com esses postais. A Grécia, não deixará sempre de ser um lugar de eleição, por todas as razões conhecidas, e não necessariamente apenas pelas turísticas, mas eu fiquei a perceber que uma coisa são postais ilustrados com fotos tiradas em ângulo fechado e outra coisa é o que os nossos olhos realmente vêm em ângulo aberto. Hoje, quando o governo grego afirma que é bem possível que este país entre em bancarrota em finais de Junho, se não houver uma nova ajuda que depende de um renegociação da dívida grega, não tenho dúvidas que o que aconteceu com os gregos foi algo semelhante ao que aconteceu com Portugal no que respeita à aplicação dos fundos de coesão, que deviam ser estruturais e estruturantes, mas com uma pequena diferença: Portugal, apesar de tudo, deu um salto qualitativo quando comparado com a Grécia na aplicação desses fundos, pese embora tudo aquilo que conhecemos sobre burlas e desvios criminosos dos dinheiros comunitários, daí que a Grécia me tenha parecido Portugal antes da chegada dos milhões dos fundos de coesão na década de 90 do século passado. Hoje é praticamente impossível ver em Portugal o que eu vi na Grécia; do mal o menos. Hoje eu percebo porque é que os gregos estão tão mal e o resgate económico é capaz de não lhes resolver problema nenhum nem evitar a bancarrota que transportará consigo  o risco inerente de esse problema afectar toda a europa comunitária, em particular os que têm economias no fio da navalha. Os especuladores financeiros mundiais não perdoam nem à sua própria mãezinha e  os gregos, para além de iludirem as contas públicas durante anos a fio, e por consequência os ditos especuladores,  iludiram-se a si próprios, roubaram-se a si próprios e à oportunidade única, quiçá, de terem feito da Grécia um verdadeiro postal ilustrado de desenvolvimento baseado nas suas maiores potencialidades. Seguramente hoje estariam muito melhor do que nós.  E ali do outro lado da fronteira, pertíssimo, a bela cidade turca de Bodrum ( antiga Halicarnasso ), com tudo a cintilar de luz, cuidado, asseio, simpatia, cores e cheiros à beira de um Egeo cujo azul nos enche a alma de desejos e anseios.



Jacinto Lourenço

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Judeus na Extremadura Espanhola



Mérida parece haber sido la principal aljama o barrio judío de esta región, en donde hubo gran número de habitantes hebreos desde tiempo inmemorial. Efectivamente, en la actual capital de Extremadura, la antigua Augusta Emérita, se ha encontrado una inscripción latina del siglo II en la que se lee el nombre de Iustinus de la Flavia Neapolis, la Siquem de la Biblia, que ha sido fundamentalmente catalogado como judío. Otra lápida hallada en esa misma ciudad revela la existencia de judíos en el siglo VI o VII, y luego hay evidencia de que había judíos en esa ciudad y, posiblemente, en muchos otros lugares de la región. Pero después que se destruyeron los muros de la ciudad, el grueso de la población y, entre ellos, los judíos, se trasladaron a la vecina Badajoz.
Consta que hubo judíos en la actual capital extremeña hasta la expulsión de 1492. En el siglo XIII Extremadura cayó en manos de los cristianos, y en los Fueros de Coria (hacia 1210) y de Cáceres (1229), ambos firmados por Alfonso IX de León, se prestaba especial atención a los judíos.
Se sabe que los judíos extremeños se concentraron en las ciudades, y que estaban al amparo de los grandes señores y de las órdenes militares de Santiago y Alcántara, que se crearon para defender del dominio moro esos territorios reconquistados.
En un registro de Sancho IV de 1283 se habla de las juderías de Cáceres, Coria, Alcántara,Valencia deAlcántara, Badajoz, Mérida y Jerez de Badajoz, hoy llamada Jerez de los Caballeros. En el padrón de Huete de 1290 se agregan las localidades de Plasencia, Trujillo y Medellín.[...]



Fonte: Yad be Yad  Via  Por Terras de Sefarad. Ler texto integral em Castelhano  AQUI

sábado, 21 de maio de 2011

Caçar Borboletas e Tiranos




"Depois de caçar tiranos

Vamos caças borboletas!" [G. Junqueiro]



“A sociedade portuguesa está organizada para o mal. Não é já o mal esporádico e fortuito, em casos isolados que rapidamente se combatem. Não; é o mal colectivo, o mal em norma de vida, o mal em sistema de governo. Os poderes funcionam deliberadamente, com um fim: produzir o mal. Porquê e para quê? Porque o mal são eles e querem conservar-se. Um regímen corrupto só na corrupção subsiste. Mantém-se na corrupção, como alguns bacilos na porcaria. O seu ódio ao bem é fundamental e orgânico.

A filosofia da vida dum tal regime é a filosofia do porco: devorar” [ibidem]

"Então o povo que deixa prostituir a consciência, roubar os direitos, vilipendiar a história, o povo cobarde que não defende a honra, quer defender a camisa?

Que lha levem, com o último pão, os últimos andrajos! Que ruja de frio, que estoire de fome! A fome é como o fogo: abrasa e depura. Os que aviltam gozando, só se regeneram sofrendo. Não venham libras, venham desastres. Sobre a nossa infâmia chovam calamidades e tormentos" [ibidem]

"Já cai de podre o mundo velho e um mundo novo se elabora: Já surgem profetas e se martelam cruzes em calvários. Ciclones de dor e de infinito varrem, troando, o negro mar da humanidade.

Pão! Venha pão! – ululam bocas formidandas.

Ideal! Ideal! Ideal! – gritam as almas às estrelas.

Porque as bocas têm direito ao pão e as almas têm direito à luz.

Se acaso nós, revolucionários, nós que clamamos por direito e que bradamos por justiça, aqui um dia implantarmos uma nova forma de governo, que ela seja, antes de tudo, o caminho aberto para uma nova forma de civilização ..." [ibidem]



Guerra Junqueiro, in Horas de Luta (Livraria Lello) e Horas de Combate (Livraria Chardron)



J.M.M.
 
 
 
























sexta-feira, 20 de maio de 2011

O que Importa Saber sobre Portugal antes de Votar em 5 de Junho


Nos últimos dias, a "campanha" eleitoral tem sido constituída por um rol de "factos" que só servem para distrair os(as) portugueses(as) daquilo que realmente é essencial. E o que é essencial são os factos. E os factos são indesmentíveis. Não há argumentos que resistam aos arrasadores factos que este governos nos lega. E para quem não sabe, e como demonstro no meu novo livro, os factos que realmente interessam são os seguintes:
1) Na última década, Portugal teve o pior crescimento económico dos últimos 90 anos.

2) Temos a pior dívida pública (em % do PIB) dos últimos 160 anos. A dívida pública este ano vai rondar os 100% do PIB.

3) Esta dívida pública histórica não inclui as dívidas das empresas públicas (mais 25% do PIB nacional).

4)  Esta dívida pública sem precedentes não inclui os 60 mil milhões de euros das PPPs (35% do PIB adicionais), que foram utilizadas pelos nossos governantes para fazer obra (auto-estradas, hospitais, etc.) enquanto se adiavao seu pagamento para os próximos governos e as gerações futuras. As escolas também foram construídas a crédito.

5) Temos a pior taxa de desemprego dos últimos 90 anos (desde que há registos). Em 2005, a taxa de desemprego era de 6,6%. Em 2011, a taxa de desemprego chegou aos 11,1% e continua a aumentar.

6) Temos 620 mil desempregados, dos quais mais de 300 mil estão desempregados há mais de 12 meses.

7) Temos a maior dívida externa dos últimos 120 anos.

8) A nossa dívida externa bruta é quase 8 vezes maior do que as nossas exportações.

9) Estamos no top 10 dos países mais endividados do mundo em praticamente todos os indicadores possíveis.

10) A nossa dívida externa bruta em 1995 era inferior a 40% do PIB. Hoje é de 230% do PIB.

11) A nossa dívida externa líquida em 1995 era de 10% do PIB. Hoje é de quase 110% do PIB.

12) As dívidas das famílias são cerca de 100% do PIB e 135% do rendimento disponível.

13) As dívidas das empresas são equivalentes a 150% do PIB.

14) Cerca de 50% de todo endividamento nacional deve-se, directa ou indirectamente, ao nosso Estado.

15) Temos a segunda maior vaga de emigração dos últimos 160 anos.

16) Temos a segunda maior fuga de cérebros de toda a OCDE.

17) Temos a pior taxa de poupança dos últimos 50 anos.

18) Nos últimos 10 anos, tivemos défices da balança corrente que rondaram entre os 8% e os 10% do PIB.

19) Há 1,6 milhões de casos pendentes nos tribunais civis. Em 1995, havia 630 mil. Portugal é ainda um dos países que mais gasta com os tribunais por habitante na Europa.

 20) Temos a terceira pior taxa de abandono escolar de toda a OCDE (só melhor do que o México e a Turquia).

21) Temos um Estado desproporcionado para o nosso país, um Estado cujo peso já ultrapassa os 50% do PIB.

22) As entidades e organismos públicos contam-se aos milhares. Há 349 Institutos Públicos, 87 Direcções Regionais, 68 Direcções-Gerais, 25 Estruturas de Missões, 100 Estruturas Atípicas, 10 Entidades Administrativas Independentes, 2 Forças de Segurança, 8 entidades e sub-entidades das Forças Armadas, 3 Entidades Empresariais regionais, 6 Gabinetes, 1 Gabinete do Primeiro Ministro, 16 Gabinetes de Ministros, 38 Gabinetes de Secretários de Estado, 15 Gabinetes dos Secretários Regionais, 2 Gabinetes do Presidente Regional, 2 Gabinetes da Vice-Presidência dos Governos Regionais, 18 Governos Civis, 2 Áreas Metropolitanas, 9 Inspecções Regionais, 16 Inspecções-Gerais, 31 Órgãos Consultivos, 350 Órgãos Independentes (tribunais e afins), 17 Secretarias-Gerais, 17 Serviços de Apoio, 2 Gabinetes dos Representantes da República nas regiões autónomas, e ainda 308 Câmaras Municipais, 4260 Juntas de Freguesias. Há ainda as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, e as Comunidades Inter-Municipais.

23) Nos últimos anos, nada foi feito para cortar neste Estado omnipresente e despesista, embora já se cortaram salários, já se subiram impostos, já se reduziram pensões e já se impuseram vários pacotes de austeridade aos portugueses.
O Estado tem ficado imune à austeridade. Isto não é política. São factos. Factos que andámos a negar durante anos até chegarmos a esta lamentável situação. Ora, se tomarmos em linha de conta estes factos, interessa perguntar: como é que foi possível chegar a esta situação? O que é que aconteceu entre 1995 e 2011 para termos passado termos de "bom aluno" da UE a um exemplo que toda a gente quer evitar? O que é que ocorreu entre 1995 e 2011 para termos transformado tanto o nosso país? Quem conduziu o país quase à insolvência? Quem nada fez para contrariar o excessivo endividamento do país? Quem contribuiu de sobremaneira para o mesmo endividamento com obras públicas de rentabilidade muito duvidosa? Quem fomentou o endividamento com um despesismo atroz? Quem tentou (e tenta) encobrir a triste realidade económica do país com manobras de propaganda e com manipulações de factos? As respostas a questas questões são fáceis de dar, ou, pelo menos, deviam ser. Só não vê quem não quer mesmo ver. A verdade é que estes factos são obviamente arrasadores e indesmentíveis. Factos irrefutáveis. Factos que, por isso, deviam ser repetidos até à exaustão até que todos nós nos consciencializássemos da gravidade da situação actual. Estes é que deviam ser os verdadeiros factos da campanha eleitoral. As distracções dos últimos dias só servem para desviar as atenções daquilo que é realmente importante.


Álvaro Santos Pereira



Álvaro Santos Pereira é docente da Simon Fraser University (Vancouver, Canadá), onde lecciona as disciplinas de Desenvolvimento Económico e Política Económica. É professor na University of British Columbia, onde ensina Macroeconomia. Já leccionou nos departamentos de Economia da Universidade de York (2005-2007) e da Universidade da British Columbia (2000-2004). Doutorou-se em Economia em 2003 na Simon Fraser University. Licenciou-se pela Universidade de Coimbra. É colunista do jornal PÚBLICO. Desde 2001, colabora no Diário de Notícias e no Diário Económico, e tem escrito para a revista EXAME, o Expresso e o Jornal de Notícias Nasceu em Viseu em 1972. É autor do blogue Desmitos (desmitos.blogspot.com)”




Nota: Texto a circular na Internet - recebido de Manuel Soares.






quinta-feira, 19 de maio de 2011

Somos todos uns Calaceiros...


Não tenho grandes dúvidas, nem nunca tive,  aliás, de que em Portugal pulula a classe empresarial mais retrógrada, reaccionária, menos preparada e mais sub-desenvolvida do chamado mundo dos países desenvolvidos. Senão veja-se: bastou que a nova  "dona" da europa, a srª. Merkel, dissesse do alto da sua cátedra em  Berlim  que os Portugueses, Gregos e Espanhóis, calaceiros por natureza, segundo ela, têm férias demais, trabalham de menos e reformam-se muito mais cedo que os alemães ( só não percebo é porque é que ela não falou nos Franceses... que até estavam ali mais perto e tudo, e ainda por cima têm mais dias de férias que dois dos países referidos - Grécia excluida -, e menos horas de trabalho,  para além de se reformarem  mais cedo  ...?! ) para que uma das principais confederações patronais portuguesas viesse de imediato a terreiro defender a redução dos dias de férias e a retirada do despedimento por justa causa da constituição.  Espantoso, quando para mais, aqui ao lado, o governo espanhol reagiu logo e mandou a Merkel  bugiar com a conversa da treta. Coisa que a oposição alemã também já havia  feito quando ouviu as declarações da sua chanceler. Ridícula e mal intencionada, esta senhora. Ridículos, oportunistas e imbecis, os senhores  da tal confederação.

Os trabalhadores portugueses pouco terão para provar à senhora alemã, que até fez mal as contas quanto às matérias   que referiu,  e menos ainda aos empresários portugueses, esses sim, com muito para provar ( os que se escrevem com "e" pequeno, - e que são muitos - porque ainda existem alguns, felizmente, que dá para escrever com "E" Grande ). A sua qualidade geral, competência, capacidade de integração e qualidade do trabalho realizados e produtividade, estão provados um pouco por todo o mundo. Estejam eles bem enquadrados por organizações e empresas capazmente dirigidas e geridas e são tão bons ou melhores que os outros, e isso é válido também no interior de Portugal e nas empresas nacionais ou estrangeiras aqui instaladas. 

Sim, os trabalhadores portugueses têm um problema grave que consiste em  não estarem enquadrados por líderes políticos e empresários e empresas que saibam aproveitar o seu potencial e desenvolver mais as suas competências técnico-profissionais. Quando isso acontecer, quando os empresários portugueses apostarem nas competências, séria e honestamente,  dos seus colaboradores em lugar de fingirem que dão formação e meterem o dinheiro dos subsídios  ao bolso para investirem em viaturas topo de gama, montes no alentejo ou férias à grande em lugares paradisíacos, então  estaremos em condições de mandar calar,  de imediato,  quem,  como a srª Merckel,  proferir, apenas por má fé ou chantagem político-financeira, declarações desprovidas de sentido ou ofensivas para os portugueses.

Existimos como nação há mais de 900 anos, feito incomum e único para um povo razoavelmente pouco numeroso, integrados  nesta actual  europa feita de retalhos e ambições nada claras de "líderes" políticos e "empresários"  intelectual e politicamente desonestos e, como se prova, com zero de competência para ocuparem lugares de relevo ou estarem à frente de empresas. Aliás, eles vão circulando, em circuito fechado, da política para as empresas e destas para aquela, levando consigo as clientelas habituais que vão ocupando os espaços que pessoas capazes, competentes e honestas deviam ocupar, idependente das suas opções políticas.

Não precisamos que ninguém nos diga quando temos que trabalhar ou quando devemos descansar. Sabemos, podemos e queremos continuar a tomar conta de nós; não precisamos que  alemães, franceses, ingleses ou outros quaisquer nos digam qual o caminho a seguir; o que precisamos, sim, é não nos deixarmos enganar na hora de escolher quem irá para o leme do país. E se os actuais candidatos que a isso se propõem não servirem, digamos isso mesmo, que não prestam para nada, e muito menos para dirigir uma nação que tem orgulho de si própria e do lugar que soube, pelo seu labor, inteligência e valor intrínseco, e sózinha, conquistar o seu lugar no mundo, ombreando com  nações muito mais numerosas e poderosas.



Jacinto Lourenço

Os Norte-Americanos já nos Habituaram a Tudo...



Empresários ateus propõem cuidar de animais de cristãos









Um grupo de empresários norte-americanos ateus propôs-se tomar conta dos animais domésticos dos cristãos fundamentalistas que crêem que o fim do mundo está iminente, mediante um devido pagamento, noticia AFP.






A empresa Eternal Earth-Bound Pets [Lugar Eterno para os Animais] já tem 259 clientes, que pagaram cada um 135 dólares (95 euros) por um animal e 20 dólares suplementar pelos seguintes, para garantirem que o seu animal doméstico fica em boas mãos depois da sua partida para o além.

Para alguns cristãos, Jesus Cristo regressará à Terra no dia 21 de Junho, um sábado, para decidir a sorte dos pecadores.

Os contratos assinados com a empresa salvadora de animais têm um prazo de 10 anos e podem cobrir o anunciado fim do universo, em Dezembro de 2012, como preveem as profecias maias.

Um dos co-fundadores da Eternal Earth-Bound Pets, Bart Centre, explicou que "se o dia do julgamento ocorrer realmente, chamar-se-ão todos os salvadores para se dirigirem a casa dos que assinaram um contrato para que tomem posse dos animais e os adoptem, de forma a que vivam dias felizes e em boa saúde".

Mas, irónico, prevê: "Não esperamos entrar em acção [nesse] sábado".




* * *

Ora só para descansar os nossos amigos Norte-Americanos, convém esclarecer o que a Bíblia diz sobre a 2ª vinda do Senhor Jesus em Glória, no evangelho de Marcos no capítulo 13.

32-Quanto, porém, ao dia e à hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu nem o Filho, senão o Pai.

33-Olhai! vigiai! porque não sabeis quando chegará o tempo.
34-É como se um homem, devendo viajar, ao deixar a sua casa, desse autoridade aos seus servos, a cada um o seu trabalho, e ordenasse também ao porteiro que vigiasse.
35-Vigiai, pois; porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã;
36-para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo.
37-O que vos digo a vós, a todos o digo: Vigiai.


Dito e esclarecidos os amigos cristãos do outro lado do atlântico ( que deviam ler mais a Bíblia...), convém, já agora, informar os ateus que não vai existir nenhum céu para cães, gatos ou outros animais. Não há problema nenhum, e até se aconselha vivamente que todos, cristãos, ou praticantes de qualquer outra religião, bem como ateus, tratem muito bem os  animais mesmo daqueles que são abandonados por donos irresponsáveis. Por outro lado, cumpre também  informar os ateus que, após a 2ª vinda de Cristo, há uma impossibilidade formal e material de eles, enquanto ateus, continuarem aqui na terra, tal como a conhecemos hoje, a tomar conta do tareco ou do bobi  e a lucrar com isso. Querem saber porquê ? Está tudo na Bíblia ! Têm uma oportunidade fantástica de ir ler e ficarem esclarecidos. Quem sabe até pudessem tomar um conhecimento mais concreto daquilo que negam. É que ser ateu sem conhecer o Livro Sagrado, pode não passar de mera retórica.

Boas leituras Bíblicas para todos os ateus e cristãos nos U.S.A ou em qualquer outra parte do mundo.


Jacinto Lourenço







quarta-feira, 18 de maio de 2011

18 de Maio, Dia Internacional dos Museus


Hoje celebra-se o Dia Internacional dos Museus. Se puder visite um. Em Portugal, de norte a Sul, existem excelentes museus entre os quais estão autênticas "pérolas" reconhecidas  internacionalmente, como por exemplo o Museu dos Coches em Lisboa, para além da Fundação de Serralves no Porto ou do Museu Nacional de Arte Antiga este último também em Lisboa. E de  certeza que na região onde reside, ou na sua sede de concelho, existem museus que nunca visitou, muitos são belíssimas surpresas para os sentidos. Mas se pretender ir mais longe, tem sempre o Louvre em Paris, embora para isso precise mais do que um dia. Importante era que nos pudéssemos, todos, novos e velhos, crianças, jovens e adultos, associar a este dia que vale a pena celebrar. Os portugueses precisam ir ao encontro da cultura.


Jacinto lourenço

terça-feira, 17 de maio de 2011

Os Amish e Nós...


Enquanto o blogger esteve  "encostado" e me impediu  qualquer postagem  fui dando atenção a outros assuntos a que habitualmente não atendo. Já disse que só vejo a televisão que quero ver; as designadas "boxs" modernas dão-nos a possibilidade de agendamentos de gravação de programas que veremos quando tivermos tempo ou nos apetecer. Tirando um ou outro programa de informação, desporto, e um ou outro tema que colhe o meu interesse, por mim as televisões generalistas faliam todas e de certeza que isso contribuiria muito mais para a nossa felicidade terrena e também para a de todos os trabalhadores que fazem dos media o seu ganha-pão.

Sobrou-me algum tempo para  ver uma reportagem num canal do cabo sobre os Amish, nos Estados Unidos da América, que incidia particularmente sobre o ostracismo a que os elementos desta comunidade são votados por eventualmente terem caído na "asneira" de  contestar  as regras impostas pelos líderes, por mais estúpidas, anti-bíblicas e até anti-cristãs que possam ser, como por exemplo, não poderem estudar a bíblia sózinhos em casa ou em conjunto com outros crentes da sua comunidade sem ser em reunião de igreja, não poderem pintar as suas carroças com cores não autorizadas, usar suspensórios de modelo não homologado, conduzir um carro de tracção mecânica, estudar para além do 8º ano de escolaridade ou usar roupas de um  "estilista" mais ousado que se decida por uma nova e "arrojada"  abordagem à largura da fita usada nos chapéus de palha.

Qualquer Amish que caia num dos "pecados" apontados, é levado a humilhar-se e arrepender-se  numa reunião magna da igreja; se decidir manter a inteligência espiritual de não se vergar à estupidez humana, sempre imposta em nome de Deus, mas do deus dos Amish  que, claro,  é um deus muito cioso das fitas dos chapéus, dos supensórios e do modelo e cor das toucas usadas pelas mulheres, para além da cor das carroças ou outras questões da mesma "relevância" destas, se for por aí, pela desobediência, então é posto de parte e ostracizado para sempre pela sua comunidade de origem. Os outros membros, inclusive os seus familiares mais próximos, correm o mesmo risco de expulsão e marginalização se mantiverem contactos com eles. Para um Amish, que viveu toda uma vida sujeito a uma disciplina férrea e pavorosa, mas também a uma vida comunitária sem dúvida de grande e excepcional entre-ajuda, isto pode ser o príncipio do fim de uma vida, se ele ou ela não conseguir encontrar uma alternativa para continuar a expressar a sua fé inserido numa outra comunidade que o aceite ou se não optar por dar seguimento à sua vida religiosa, social  e profissional  procurando a inclusão na sociedade fora do redil  Amish.

Como é sabido, Os amish, que se fixaram nos Estados Unidos  desde o século XVIII,  pretendem ter uma vivência rigorosamente à margem da sociedade o que, logo à partida, fere os  príncipios bíblicos e os ensinos de Cristo. Não cumprem serviço militar, não estão integrados em sistemas estatais de Segurança Social nem permitem que os seus membros recebam assistência médica promovida pelo governo. Eles "assistem-se" uns aos outros e pagam as contas médicas ou hospitalares uns dos outros em caso de necessidade. O seu principal desiderato  é viver a pureza do evangelho providos apenas daquilo que é mais elementar ao desenvolvimento da  vida humana. Até aqui, nada de mal, o problema é quando estes descendentes de Anabatistas europeus se tornam fundamentalistas odiosos e acham que alguém que use arreios nos seus cavalos sem serem homologados  pelos líderes da igreja deve ser automaticamente condenado ao inferno...

O fundamentalismo é mau em todos os capítulos da vida, mas a história ensinou-nos, ao longo de muitos séculos, que quando ele prolifera nos meios religiosos, deixa de ser apenas mau para se tornar nefasto, hediondo e perigoso, e não apenas para a fé, ele pode atingir a totalidade da expressão da vida humana. Mas que não se  pense que isto é exclusivo dos Amish ou para os católicos...

Durante cerca de 35 anos vivi numa igreja evangélica onde em 1971 aceitei Cristo como Salvador. Fui percebendo ao longo dos tempos que a maior parte das regras que eram impostas aos membros dessa igreja, nas suas diversas congregações a nível nacional,  não tinham nada a ver com cristianismo, salvação, bíblia ou fé, mas que resultavam apenas da vontade e interpretação criativa e abusiva da bíblia por parte dos líderes, muitas vezes despóticos e apenas interessados em manter o seu stato quo acima de tudo mesmo da própria igreja. Uma boa parte deles completamente impreparados para exercerem qualquer lugar de  oficial da igreja, quanto mais para estarem à frente do rebanho de Deus.

Ver televisão, vestir-se de acordo com a moda, as calças nas mulheres, o cabelo mais comprido nos homens ou mais curto e pintado nas mulheres, festas públicas ou privadas, tocar bateria nos cultos, etc, eram coisas tabu que suscitariam que qualquer membro tivesse que se retratar perante a comunidade pela sua "deriva espiritual"  ou do seu comportamento  desviante e grave... Como com os  amish, também eram marginalizados, disciplinados e ostracizados se recusassem retratar-se das suas "más acções".  A auto-censura dos membros foi uma constante sempre  povoada pelo medo de serem "apanhados" em "transgressão". Gerava-se informalmente no seio das comunidades uma pequena "pide" ao serviço dos ministérios e presbitérios composta, claro, pelos membros mais "espirituais", que tratavam de levar voluntariamente as informações dos alvos observados aos líderes que rapidamente instituiam o auto de fé se o membro "desviado" não se retratasse.  A denúncia do exercício de "profissões perigosas", como por exemplo cabeleireira ou bilheteiro em teatros ou cinemas, eram alvos potenciais para exercitar a disciplina "espiritual" a partir do púlpito nas reuniões da igreja.   Estas "redes pidescas" eram afinal compostas por gente acometida por   uma grave doença psicológica e espiritual que não queria tratar; e o remédio era simples: ler a Palavra de Deus  colocando-se sob a  acção do Espírito Santo com o propósito de aprender a verdade das Escrituras, em lugar de descontextualizar o que liam ou arreigarem-se a versos soltos da Bíblia construindo com eles um corpo de doutrinas éticas e morais que nada tinham de cristão. Não, isto não se passava no  século dezoito, isto foi uma prática instituida e generalizada que perdurou até ao final da primeira década do século que vivemos. E acabou (ou não acabou ainda em algumas comunidades) não porque  os doutos "pastores", ministérios e presbitérios das igrejas reconhecessem que eram práticas anti-bíblicas e assentes em fundamentalismos idiotas e perigosos,  mas apenas pela pressão que as novas gerações, particularmente a partir da década de 70 do século passado,  foram exercendo no interior dessas igrejas. No entanto, em nome destes fudamentalismos criminosos, muitos foram os homens e mulheres cristãs  e até  famílias completas, que foram ostracizadas, espezinhadas, esmagadas e ofendidas nos seus mais elementares direitos cristãos e humanos pelos ditos "oficiais" da igreja que, para sobreviverem nos seus postos de trabalho à custa do obscurantismo, instituiam, no seio das comunidades cristãs,  a matriz do ódio e da anormalidade, embora quisessem fazer parecer o contrário, talvez tomando o "piedoso" exemplo do Tribunal do Santo Ofício.
O nome do deus em que durante anos se apoiaram para levar por diante estas práticas, é o mesmo dos amish, mas não tem nada a ver com Cristo ou com o Deus verdadeiro, que é um Deus de Amor, perdão e Graça. Acredito até que, por ter fama de andar muitas vezes "mal acompanhado", o meu Senhor Jesus,  caso tivesse pertencido fisicamente à mesma comunidade cristã que eu, não tardaria muito tempo a ter sido excluido e ostracizado por todos os membros que, em igrejas do tipo daquela a que pertenci até há alguns anos atrás,  silenciaram sempre a defesa da verdade bíblica. Por medo ?  Por falta de coragem ? Por falta de conhecimentos bíblicos ? Falta de cultura ? Ausência de  verticalidade ? Conformismo ?  Inexistência de amor cristão ? Personalidades distorcidas ? Fixação cega e doentia no líder ?   Talvez um pouco de tudo. Calar a verdade e a razão cristã fundada no Bíblia Sagrada é uma ofensa a Deus e as comunidades que o fazem, mesmo que levadas a isso pelos seus líderes,  estão irrevogavelmente condenadas ao desaparecimento, face à exaustão espiritual que exibem,  e a responderem em Juízo perante Deus pelas suas cumplicidades  indignas. Pela minha parte jamais o farei, jamais aceitarei a vontade ou ditame de qualquer homem que não se funde explícita, clara e contextualizadamente na Bíblia Sagrada,  tal como nunca me conformarei com deuses menores ou líderes corruptos ou ineptos que nas igrejas perseguem apenas o seu próprio interesse ou a defesa do seu salário somado a  regalias absurdas que ninguém tem a coragem de questionar ou contestar, mesmo se elas são ofensivas, indignas e irresponsáveis à luz da Palavra de Deus. E isto não é válido apenas para o âmbito cristão. É para tudo na vida.


Jacinto Lourenço

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A Mentalidade do Criado



[...] Os dois traços terríveis dos portugueses são o províncianismo, de que os cosmopolitas Eça ( sobretudo Fradique Mendes ) e Pessoa desgostavam, e a subserviência. Esta subserviência é o parente pobre da província da soberba. Numa sociedade com graves desigualdades, e herdeira de uma sociedade salazarista e colonial de senhores e servos, de relações de potestade  assentes sobre a escravidão e a ignorância, a subserviência interiorizou-se e ficou um traço de carácter.

As conferências do Estoril são um palco ideal onde se representam alguns desses traços. Gente como Francis Fukuyama, ou Mohamed El Baradei, comportam-se com modos e civilidade, respeito pelos outros, dom que certos portugueses de meia tigela ( grande expressão ) que arrotam postas de pescada ( uma das mais singulares expressões da nossa língua, digna de figurar no vídeo - [ o da mensagem à Finlândia que circulou na internet ] - ) não têm nem terão. Vou contar um episódio.

Num dos dias entrei no perímetro do Centro de Congressos do Estoril dentro de um belo carro, um Mercedes descapotável último modelo. Antes de tentar entrar na faixa de rodagem destinada ao parque de estacionamento reservado, precipitaram-se sobre mim  e o carro vários polícias com sorriso e postura amável que indicaram a direcção com grande espírito de serviço e boa educação. Em seguida, vários jovens de fatinho ofereceram-me o dístico de parque que me incluia no grupo dos eleitos, e instruções, sorrisos, senhora doutora para aqui e para ali, ocupando-se de me arranjar um lugar e de me ajudar a estacionar ao lado dos outros Mercedes e BMW. E nem era eu que guiava. Ninguém me perguntou o que ia fazer ali ou se tinha direito a parque reservado. No dia seguinte entrei  no mesmo perímetro reservado ao volante de um velho Twingo com o dístico dos "eleitos" bem à vista. Os polícias madaram-me logo parar com ar carrancudo quando tentei avançar para o parque, apesar de ter o dístico bem colocado. "Onde é que pensa que vai ?" Disse onde é que pensava que ia. Um jovem carrancudo olhando o dístico do carro com reservas, foi buscar uma lista e perguntou-me se estava ligada a alguma instituição. Consultou a lista, olhou para o carro, consultou o colega, e comecei a passar-me. Já tinha mostrado uma identificação, um cartão com uma fita a atestar que era speaker, ele continuava a procurar um modo de me expulsar do reservado. Disse que ia apresentar o último orador, Mohamed  El Baradei. Não se deixou impressionar. Aí, subitamente um dos outros baixou a cara para me olhar bem e reconheceu-me. Tudo mudou. Disse-me logo para passar. Outro polícia carrancudo olhava para aquilo com desconfiança. Lá entrei no parque. Ninguém me ajudou ou arranjou um lugar de estacionamento.

Este pequeno filme português também podia e devia ser apresentado não aos finlandeses mas a todos os portugueses. É o traço comum do nosso subdesenvolvimento. Os pobres curvando a espinha e tirando respeitosamente o chapéu perante os fidalgos da casa mourisca. E, para ser rico, neste país, basta ter um carro bom. É o símbolo do status. Não admira que não haja empresário pato bravo que não queira ter um Ferrari Testarossa. Se eu entrasse de Aston Martin, não era eu que apresentava o Baradei, era ele que me apresentava a mim, segundo a ontologia dos jovens de fatinho que pululavam. O fato de Francis Fukuyama, por acaso, era dos mais amachucados. Se entrasse com ele no Twingo punham-nos fora.

A desigualdade que nos é imposta por factores externos é interiorizada nestes termos. Deixarmos que nos considerem inferiores é um modo de sermos inferiores. E nisto somos inexcedíveis. Pessoalmente, sempre me estive nas tintas para o que pensam de mim. Porque não deixo que ninguém me intimide. É mais simples do que parece.



Texto de Clara Ferreira Alves, in Revista Única, Semanário Expresso de 14 de Maio de 2011


* * *


Subscrevo integralmente o texto de Clara Ferreira Alves aqui reproduzido . Eu próprio, de uma outra forma, também já aqui postei um texto que realça esta disformidade do carácter  e da idiossincrasia  de um povo que não aprende nem com os seus próprios erros. E é pena. Bastava que cada português  olhasse para o seu semelhante e lhe dispensasse   a probidade e respeito que  requer para si próprio. Assim, Portugal seria um lugar muito mais feliz e capaz de se respeitar como país no plano interno e externo.

J L

quinta-feira, 12 de maio de 2011

A Vida num Momento...


Áquila, Itália, 2009. Lorca, Espanha, 2011. Dois abalos sísmicos graves que  dão conta da fragilidade da vida humana bem como de tudo aquilo que em torno dela vamos construindo. Bastam alguns momentos, segundos, e tudo se pode desmoronar sem que possamos fazer alguma coisa que o evite. Não está na nossa mão controlar as forças da natureza, mas está ao nosso alcance  reflectir como conduzimos a nossa vida e como aproveitamos cada momento  da mesma. Há muita coisa sobre a qual estamos a construir a vida sem primeiro tentarmos perceber se vale a pena aquilo em que estamos a apostar. Devemos olhar para o futuro, mas nenhuma construção sobre ele estará na nossa mão. Num instante tudo pode vir abaixo e ficamos apenas com a nossa vida e o instante em que a resgatamos dos perigos imediatos.

"O futuro a Deus pertence", diz o povo e tem razão. É por isso que a nossa confiança, a nossa esperança, devem ser construidas em bases sólidas; e nada mais sólido do que as mãos de Deus.

Há dois anos, Áquila. Ontem, Lorca. Amanhã não sabemos. O que sabemos é que se o nosso futuro estiver nas mãos de Deus, estaremos tranquilos, mesmo que a terra se mova e os mares se abalem.

Daqui enviamos a nossa solidariedade a todos os que neste momento sofrem em Lorca e o nosso voto de que possam confiar em Deus em todas as horas, mesmo as de infortúnio.


Jacinto Lourenço 

Algo Está Errado...


No século XXI, o mundo balança numa imensa gangorra cósmica. Os acontecimento sobem e descem numa velocidade alucinante; mal dá para tomar fôlego. Bem e mal se atropelam nas acrobacias económicas, nos avanços da indústria bélica, nos transtornos energéticos, no desprezo ambiental. Respira-se um ar de suspense. Como castelo de cartas, tudo pode vir abaixo de um dia para o outro e, nas arquibancadas, metade do planeta engole o pavor da impotência. Intuímos que algo está fora do lugar.

Algo está errado com a religião que prevaleceu no Ocidente e que colocou o sacerdote engravatado a gesticular como dono da senha da abundância divina. Ele repete ad nauseum que bastam algumas cédulas para que as “bênçãos retidas por Satanás” deslanchem. São profissionais da religião que promovem uma espiritualidade que dá de ombros às mulheres com tigela na mão diante de funcionários das Nações Unidas; mulheres que imploram por um punhado de arroz para servir de refeição para os filhos esquálidos.

Algo está errado com o poderio militar que o mundo considera a solução para tensões étnicas, religiosas e culturais. O progresso da tecnologia a serviço da morte se tornou perdulário: não pergunta quantos quilômetros o tanque de guerra faz com um litro de combustível, mas, quantos galões para percorrer um quilômetro. Milhões de dólares parecem migalhas quando se trata de mísseis, porta-aviões ou caças supersônicos. Pouca comparação é feita entre o poderio esmagador de um exército e a escassez de gaze, esparadrapo e penicilina numa clínica de periferia urbana. Enquanto bombas caem, orientadas por raios laser, a vacina que erradicaria a malária não sai de estágios experimentais.

Algo está errado com o entretenimento midiático que criou uma nova safra dos ricos e famosos sem habilidade, virtude ou competência. A mediocrização da mídia sagra ícones vazios em grande velocidade. O apresentador de televisão, que não sabe nomear a capital da Alemanha, exibe diamantes como troféus. Resta perguntar: por que não se considera isso um acinte? Principalmente quando se sabe que aquela jóia poderia suprir um vilarejo de água potável.

Algo está errado com um sistema económico que dispõe de fábulas de dinheiro para socorrer grandes bancos da falência. Sabedor de que existe alienação e insensibilidade, o banqueiro fica livre para festejar o novo alívio financeiro com uma impenitente recepção no iate da famíla. Enquanto perdura complacência poucos vão se lembrar que os impostos pagos por eles nunca chegarão ao transporte público; e o ônibus que pegam, continuará a arrastar-se, abarrotado, por avenidas engarrafadas.

Algo está errado com um mundo em que muitos, exaustos, não têm lágrimas para serem solidários com a mãe que acabou de enterrar o filho morto pelo tráfico. A robotização dos afetos se alastra e se vê cada vez menos compaixão; mais frios, homens e mulheres se desumanizam.

Algo está errado quando otimismo fatalista bate de frente com pessimismo niilista e não sobra nenhum realismo esperançoso.

Mesmo diante dessa gangorra, com tanta coisa em jogo, espero que surjam mulheres e homens dispostos a arregaçar as mangas, e que nasça um outro amanhã.

Soli Deo Gloria



Fonte: Ricardo Gondim