terça-feira, 17 de agosto de 2010

Até Já !

Por alguns dias, poucos, iremos alterar rotinas. Chamam-lhe férias. Essencialmente, mais do que o descanso físico, limpamos a cabeça e enchemos os olhos de azul. Normalmente, no regresso, não é fácil o recomeço, mas acho que procuramos ver tudo à nossa volta com olhares mais alargados e horizontes mais rasgados. É sempre uma excelente oportunidade para novos desafios. Ficamos, regra geral, mais dispostos a olhar de outra forma o que se passa à nossa volta, e a mudar, se necessário. Esta é pelo menos a expectativa.
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Até já, que não demoro.
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J.L.

sábado, 14 de agosto de 2010

Descobrir as Diferenças...

( Clique na imagem para AUMENTAR )
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Fonte: Rubinho Pirola

Fidelidade Dia após Dia

[ Título original do texto: Fidelidade por um Fio ]
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Serei fiel, Senhor Jesus serei fiel.
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Os votos desta canção muito cantada pelos evangélicos precisam ser mais bem definidos. Interessante como nossa compreensão do evangelho foi cada vez mais se estruturando na doutrina e cada vez menos na vida. Para muitos de nós, ser fiel a Deus é de alguma maneira se encaixar aos textos ou as interpretações bíblicas.
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O fiel não é aquele que se encontra amarrado por grossas cordas como as de âncora de navio. É mais parecido com um pássaro que constrói seu ninho, portanto confia sua existência a um frágil galho. O fiel é como o equilibrista na corda bamba, constantemente desafiado pela gravidade, pelo vento e pelo medo da queda. A fidelidade é frágil, e sobrevive em meio às dúvidas. Por outro lado, é extremamente resistente e capaz de sustentar a vida mesmo face à morte.
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Quando Jesus convoca aos seus seguidores à fidelidade, não acredito que passava pela sua mente que eles se submetessem a um conjunto doutrinário. Isto seria a própria negação da fé. Com isto estou querendo chamar a atenção para nossa prática de fidelidade. Muitos imaginam um cristianismo pronto em todos os seus detalhes, com regras que preenchem todos os fatos da vida e trazem todas as respostas meticulosamente elaboradas. Quer dizer, ser fiel seria participar de uma verdade pétrea, absoluta, imutável e intransigente. Quem não obedecer ao livro, às doutrinas é infiel, e quem desobedecer é desviado.
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Ao ver a luta de Jesus contra o legalismo e contra as estruturas religiosas, as quais as pessoas deveriam se subjugar para serem aceitas por Deus, para se sentirem amadas e participarem da comunhão com o Pai Celestial, não é possível acreditar que sua delegação de autoridade para fazermos discípulos no mundo todo, se desse justamente pelo viés daquilo que ele combateu até a morte.
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Ao observar o convite de Jesus de que quem quisesse segui-lo deveria tomar a cruz, enfrentar os vendavais da vida, às aflições do mundo, às perseguições religiosas, se sujeitar a uma vida sem ter até mesmo um travesseiro para reclinar a cabeça, não se torna consistente imaginar a possibilidade de se ser fiel a uma estrutura estável, pronta ou de conformismo.
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A vida cristã é instável, incerta, mutante e de inconformismos. Pois é uma vida de conversões. Ser fiel é estar disposto a mudar todos os dias. O convite de Cristo é para uma transformação diária, e, portanto a impossibilidade de absolutizar alguma coisa.
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Gosto do teólogo Carlos Mesters quando diz que a grande verdade do evangelho provoca conversão, pois se trata de uma nova vida, que leva a um novo comportamento moral e que na reflexão sobre esta vida descobre-se a doutrina, que registrada produz o livro e celebrada dá surgimento ao culto.
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Quer dizer, a verdade cristã não é um livro, o livro é apenas o resultado desta verdade que caminhou na história produzindo vida, transformando vidas. O cristão fiel não é aquele que adota um livro, no caso a Bíblia, mas aquele que anda conforme a vida de Cristo que é transformadora a cada dia. A Bíblia é recebida como o livro que nos introduz ao Cristo.
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Fonte: Eliel Batista***Partículas da Graça

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

"Eu Vejo Deus"

Não contemplarei em vão toda essa beleza do céu, o curso regular dos astros... Não os contemplarei para excitar uma inútil curiosidade, senão que me servirei deles como de degraus para elevar-me ao Imortal, ao Imutável”. A frase do teólogo e filósofo da igreja primitiva; Agostinho, revela a ardente expectação por conhecer Deus, por glorificá-Lo através da criação. Como poderia existir tanta perfeição e ser simples obra do acaso? Davi, no Salmo 19 exclama: “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Não há linguagem, nem fala onde não se ouça a sua voz” (versos 1, 2,3)
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Deus é o bem e ainda que muitos homens se neguem a enxergá-Lo, Ele está a se mostrar, porque é impossível escondê-Lo. Ele palpita por todo o universo como um coração que pulsa, pulsa... Deus é a vida. Ele é quem mantém os céus estendidos, a terra firme sob os nossos pés, a brisa, o sol em seu lugar, as águas em seus limites, os homens a ir e vir, povoando países, falando línguas diferentes, construindo culturas e ainda assim, apesar dos limites geográficos e distância que os separam, sendo tão iguais.
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Para qualquer lugar que nos viremos, existirão pessoas parecidas conosco: Que gostam de beijos, abraços, carinhos, pizzas, sorvetes... Pessoas que aplaudem ao mesmo tempo, como se tivessem combinado, ou obedecessem a uma batuta de orquestra. Mas não: é porque se pensou igualmente: O formidável alcançou o coração da platéia, onde Deus pulsa, pulsa... e os aplausos começam e terminam ao mesmo tempo. Por quê? Por que a exemplo de milhões de pessoas no mundo gosto de beber coca-cola? Quem me disse que preciso escolher esta marca? O marketing, o sabor? Não sei, só sei que muitos agem como eu. Não seria porque Deus, pulsa, pulsa... Até quando meus hábitos me acusam?
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Não sei explicar porque sob toda a terra, chamamos de pai aquele que fecundou e de mãe o ventre que acolhe. Quem me ensinou? Quem ensinou aos que por este planeta chegaram primeiro? Por que será que sorrio quando sinto alegria, choro quando estou triste, me calo quando não tenho resposta? Quem me fez assim? Por que tenho estes sentimentos que traduzem meu ser? Por que bebês choram quando nascem e precisam de tempo para aprender a falar? Por que seios amamentam? Quem fabricou o alimento mais perfeito e saudável para os recém nascidos? Nem mesmo a Nestlé consegue imitá-lo.
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Quem fez o paladar? Quando sei que o amargo, não é doce, nem o doce amargo? Como consigo decifrar o delicioso gosto de uma galinha caipira ao molho? Quem criou este órgão capaz de captar tantas espécies de sabores diferentes? Por que também sinto aromas? Aloés, Camomila... Por que o cheiro de Alfazema me conduz a lembranças da infância? Como meu cérebro consegue chegar lá tão rápido, se já se passaram tantos anos? Não seria por que Deus pulsa, pulsa...?
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Se sou louca porque acredito, quero morrer nessa loucura. Até que por fim, me encontre no Paraíso, contemplando Aquele por quem meu coração pulsa, pulsa...
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Fonte: Wilma Rejane***Via Confeitaria Cristã

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Prepare-se para Observar a Chuva de Estrelas esta Madrugada

Nas madrugadas de 12 e 13 de Agosto, quinta e sexta-feiras, [ hoje e amanhã ] vai ser possível observar uma chuva de perseidas (assim denominadas por surgirem na constelação de Perseus) que se desenvolve quando a Terra, no seu movimento de translação em redor do sol, atravessa a órbita do cometa Swift-Tuttle, fazendo com que este último se divida em fragmentos rochosos (meteoros). O fenómeno acontece todos os anos por esta altura e pode ser visto entre a meia-noite e o amanhecer no hemisfério norte. As perseidas podem atingir velocidades de entrada na atmosfera de 59 quilómetros por segundo. Espera-se para estas duas noites a queda de 50 meteoros por hora a 61 quilómetros por segundo. Na Europa, as estrelas cadentes são também conhecidas como “lágrimas de São Lourenço”, já que a chuva de meteoros decorre numa data próxima de 10 de Agosto, dia do mártir espanhol queimado em Roma no ano de 258.
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A Igreja e a Liberdade de Cristo: um Manifesto.

Nasci e cresci, como cristão e como homem, no seio de uma comunidade cristã-evangélica de matriz pentecostal. Não renego as minhas origens cristãs, a minha matriz pentecostal e boa parte do que recebi nessa comunidade e que, afinal, marcou indelevelmente o que sou hoje. Discordei sempre de muita coisa mas fi-lo sempre frontal e lealmente. Nunca disse pelas costas aquilo que tinha que dizer face a face. Assumi sempre as minhas responsabilidades na Obra de Deus e no serviço do Reino em consonância com os talentos recebidos. Nunca exacerbei o meu posicionamento espiritual no seio da minha comunidade e jamais me coloquei em "bicos de pés" apenas para ser visto. O exercício da minha fé foi sempre na direcção da utilidade e do serviço ao meu Senhor e à igreja que me reconheceu isso e me comissionou unanimemente para o ministério da Palavra. Nunca tive a pretensão de estar certo em tudo, mas também nunca abdiquei das minhas convicções cristãs, desde que bem consolidadas na Palavra de Deus mesmo que isso representasse a manutenção de olhares menos tolerantes na minha direcção. Nunca fui intelectualmente ou moralmente subserviente para poder sustentar qualquer "stato quo" que me fosse eventualmente favorável. Nunca olhei a igreja e o Evangelho através de colunas de "deve" e "haver". O "Negócio de Deus" tem a ver com almas salvas, sementeira da Sua Palavra e servir sempre, a todos os homens, independente de credos, na medida das nossas forças, tempo e visão de Deus. Mercantilismo é-me portanto um conceito estranho no que à igreja diz respeito.
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Bati-me, e combati sempre com a verdade, a dissimulação, ostentação, irresponsabilidade, mentira, falsidade e outros pecados e malefícios que fui identificando, sabendo que eu próprio não sou perfeito e olhando sempre para Aquele que É a minha medida de perfeição. Nunca me detive face a aberrações éticas, espirituais e mesmo culturais que se prolongaram, diria quase "criminosamente", durante décadas, no interior da minha comunidade cristã de origem e que destruiram, espiritualmente, anos a fio, famílias inteiras. Não me calei e não me calo mesmo que isso possa representar também a tentativa do meu "linchamento" espiritual com hora marcada em qualquer Sinédrio de turno por classes sacerdotais e farisaicas de serviço a coberto de um manto de silêncio colectivo comprometido e envergonhado que prefere assobiar para o lado e passar à frente a ter uma atitude de defesa intransigente da verdade, da fé e da comunhão entre irmãos em Cristo; mas "linchamentos espirituais" até nem são uma solução original...
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Não, esta não é forçosamente uma igreja cristã. Talvez um sucedâneo barato, uma máscara de igreja. No limite, uma igreja travestida, uma religião "cristã" que convoca à prática do entorpecimento espiritual assente em rudimentos de um qualquer neo-catecismo evangélico. Uma igreja assim, com esse nome, de "igreja", não existe e, se existe, é uma farsa contada por fascículos pendurados nos cordéis da literatura popular barata. Uma igreja que ontem tudo proibia aos crentes, tivesse ou não vínculo e respaldo bíblico para tal, e que hoje destapa, de um golpe, a irracionalidade de anos de ensino e defesa de princípios controvertidos com os quais se destruiu por dentro, não pode ser "uma igreja", não pode ser a minha igreja. Nunca poderei rever-me numa igreja assim, que "resolve problemas" por atacado como se as vidas destruidas e as famílias desprezadas e marginalizadas em nome de valores e critérios irracionais e anti-bíblicos não contassem para coisa nenhuma e pudessem ser varridas para baixo do tapete, consideradas "baixas de guerra" em nome de fundamentalismos discricionários de ocasião ao gosto e sabor de quem acha que tem poderes ilimitados sobre a vida das ovelhas de Jesus. Contam e muito. Têm peso. A inscrição ou não dos seus nomes no Livro da Vida é responsabilidade de quem guiou ou consentiu na condução das ovelhas do Senhor a pastos pouco verdejantes durante anos consecutivos em nome de um farisaísmo que Jesus combateu largamente ao longo do seu ministério.
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Independente do julgamento de Cristo, a história e o tempo coam também as atitudes e os empreendimentos do povo de Deus e dos que o guiam. E houve um tempo em que a afirmação dos evangélicos se fez, quiçá por necessidade de contraponto com a religião estabelecida, pela simplicidade do discurso e pela afirmação da humildade da fé e dos princípios. Nada a dizer. Foi assim que o Evangelho cresceu e se implantou em Portugal. A descoberta e o fervor pentecostal cobriam equívocos bíblicos aos quais ninguém prestava atenção, embora estivessem lá. Todos achavam, e aceitavam, líderes e povo, que seria assim, que a direcção era essa, a da diferença marcada e sublinhada socialmente, do estreitamento das margens, da separação rígida, da negação do contacto exterior, mesmo que à custa do esmagamento cultural, da renúncia expontânea da "novidade" de fora pelo perigo da "lepra" contagiosa. O conjunto de regras éticas e comportamentais definia, às vezes, mais do que ser ou não salvo, aquilo que era um "crente". À distância, eram reconhecidos, já não pela sua humildade espiritual e afirmação viva de uma fé explosiva, constante e penetrante, que foram a matriz original onde se sedimentou o seu crescimento popular e fulgurante, mas antes por um estereótipo sociológico.
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Os "avisos" foram caindo como bombas incendiárias. O padrão ético e comportamental que nos visitava do estrangeiro era diferente, não impunha "cabrestos" estranhos nem "palas" para tapar a visibilidade do que à volta se passava, mas não deixava por isso de continuar a afirmar uma fé empolgante. O ridículo cubria-nos quando homens e mulheres, cristãos oriundos de ambientes culturais apenas separados por poucos quilómetros, entravam em território da igreja nacional. As exigências e imposições comportamentais, de acordo com o padrão local, diziam muito da transferência que estava já a ser feita, da humildade inicial da fé para o monumento comportamental erguido em seu lugar. Os anos 80 do século passado colocaram a nú a hipocrisia que se substituiu à fé e estilhaçaram uma comunidade alargada, e até então unida, em muitas outras mais pequenas comunidades que, despidas do preconceito e farisaismo souberam fazer o seu próprio percurso contextualizando a sua fé e afirmação cristã em tempos diferentes. Queiramos ou não, não há "cabresto" que possa impedir para sempre que se ouça o silvo do vento que sopra. E ele sopra onde e para onde quer . O Vento do Espírito não pode ser domado por homem algum em nome seja do que for. Mas parece que o dealbar do século vinte e os alvores do século XXI trouxeram a uma certa igreja novos ventos. Mas esta igreja corre o risco de se escancarar a tudo aquilo a que anormalmente, e anti-biblicamente, não se expôs em devido tempo e pagar por isso um elevado preço. Soa a falso, a opção avulsa. É forçada e vem a reboque de circunstâncias pouco dignificantes. É da cabeça e não do coração. Muita gente foi esmagada apenas por acreditar que a forma como se vestia ou alguns lugares inócuos que frequentava, ( só pequenos exemplos ) não tinha nada a ver com a sua afirmação de fé. Que por não se isolar, escondido na protecção da comunidade, podia mostrar, mais claramente, o que Cristo fazia na vida daqueles em quem tocava do que recolhido no seu casulo pregando para si próprio, clamando para crentes que se arrastavam para cultos sem vida duma "religião cristã" hibernada, sem chama nem fulgor, incapaz de promover a conversão de pecadores pois os sinais que transmitiu durante tempos e tempos ficaram coados numa história a que não se deveria ter deixado amarrar, por muito significante e empolgante que tivesse sido, como foi efectivamente.Isso deixa um rasto visível e perigoso. Hoje, pela Graça de Deus, muitos homens e mulheres que compreenderam relativamente cedo a mudança do vento da história da igreja, são exemplos a olhar com respeito e consideração pelo bom trabalho espiritual feito dentro e fora de portas da igreja local, sem imposição de palas ou cabrestos, até porque disso Cristo nos Libertou totalmente. Infelizmente o libelo acusatório dos velhos e gastos Sinédrios paira ainda sobre esse conjunto de corajosos cristãos, bons leitores do vento e do tempo. As sentenças, lavradas em velhos pergaminhos, continuam afixadas nas portas da memória das suas comunidades de origem, para cujos líderes as palavras Amor, Perdão e Reconciliação, são apenas letra morta, mesmo se trazidas à Bíblia Sagrada com a força da Nova Aliança selada pelo sangue de Jesus Cristo.
Este é o meu manifesto, em síntese, na defesa da Igreja e da Fé Cristã, sem fantasmas nem papões de serviço. Diz a Bíblia que "se Cristo nos Libertar, seremos verdadeiramente Livres". É nisto que creio.
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Jacinto Lourenço

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

"Não bate a Bota com a Perdigota"...

97% dos juízes tiveram Bom ou Muito Bom...e não Há Medíocres.

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Este título do Semanário Expresso até poderia ser, sobre este mesmo tema, qualquer coisa assim: "Venha para Portugal, o paraíso do « tá-se bem »"

Há coisas que, por muito que nos expliquem, nós, o povo, não conseguimos compreender !!

Pelo título do Expresso, de sábado passado, dá para entender que os Juízes em Portugal são todos esmagadoramente "Bons" ou "Muito Bons" e que nem sequer existe um único juíz "Medíocre". Eu não sei a quem compete, mas por favor venha alguém explicar ao país porque é que a Justiça é o que é, e está como está cá no burgo, quando os Juízes, afinal, são do melhor que se pode pedir.

Justiça, está bem de ver, não rima com burrice, que é coisa que os nossos juízes provavelmente não são, a atender às suas belíssimas classificações... Mas por favor, que a justiça não queira é agora vir tomar-nos por aquilo que, pelos vistos, não serve para si própria...

Que me perdoem os sres. juízes, os verdadeiramente Bons, Muito Bons e até Excelentes, os que verdadeiramente se esforçam para que a justiça seja, em Portugal, algo que não nos deixe a todos ainda mais envergonhados e deprimidos perante um país de faz de conta e que, portanto, não têm nada a ver com isto, mas "isto" ( estas classificações ) cheira-me a corporativismo ou, no mínimo, a alguma falta de capacidade de avaliação ou auto-avaliação. No limite, ausência de respeito pela inteligência do povo que paga para ter direito a uma justiça que tenha mais do que vistas curtas, e que não faça vista grossa perante os problemas que, afectando-a a ela, nos afecta a nós. Bem sei que a Justiça não se resume aos juízes, e que muitas vezes pagam estes a factura pela incapacidade do estado em proporcionar uma Justiça à altura de um país que se afirma democrático, em pleno século XXI, e integrante da União Europeia, mas não haja dúvida de que os juízes serão sempre a face mais visível, em qualquer tempo, da imagem que a Justiça transparece, e estas classificações não ajudam nada a essa imagem...

Quando se trata de avaliações, algumas classes profissionais ao serviço do estado são pródigas em usar e abusar de um narcisismo sem limite, e não são só os Juízes, já tínhamos visto o mesmo na área da educação.

Mas eu quero, desejo acreditar, que esta, como outras classes profissionais, no estado, fazem tudo bem feito na hora de se avaliarem. Dito assim, enquanto cidadão, só tenho que ficar a aguardar que, no máximo, dentro de um ano ou dois a justiça e a educação sejam o espelho das classificações que resultam das suas avaliações, isto é: que funcionem, funcionem bem, e sejam o exemplo da nação. Se isso não acontecer, é melhor não repetirem, nunca mais, estas classificações nas avaliações que promovem. É que, no limite, serão tidas como um exercício de humor. E lá fora, na "estranja", conhecedores da triste realidade da justiça em Portugal, como noutros domínios básicos da vida de um país, vão rir-se de nós e do nosso grande e desmesurado umbigo.

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Jacinto Lourenço

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Um Caminho para o Subdesenvolvimento

A indisciplina nas escolas, a nível nacional, já ninguém consegue esconder: ministério, escolas, professores, encarregados de educação, e os alunos, ou alguns alunos, que parecem, aliás, os menos interessados em omitir o facto, devendo-se-lhes até algumas cenas pouco abonatórias passadas no interior de algumas salas de aula em Portugal e que vão parar à internet mais como matéria de exibição predatória do que como denúncia pública.
A democracia, tem, como é sabido, muitas vantagens enquanto modelo de governação dos povos. Mas tem algumas lacunas evidentes ( ou não ) sendo uma delas o excessivo uso da "paciência" para resolver os problemas mercê de ter quase sempre que procurar colocar, o mais possível, de acordo, "gregos e troianos", o que é, como bem sabemos, matéria difícil senão impossível. Ora em Portugal, essa desvantagem transforma-se, todos os dias, numa outra coisa a que se chama laxismo, desleixe, falta de vontade ou, no limite, irresponsabilidade. E tem sido assim, balizado por estes factores, que a educação e o modelo educacional têm sido geridos no país.
Vem agora mais um "novo" estatuto do aluno tentar resolver os problemas de indisciplina no seio da comunidade escolar: promete castigos, penalizações, proibição de frequência das aulas por uns dias, responsabilização das famílias, etc. Enfim, não conheço no detalhe e não sou do sector, mas é o que tenho ouvido citado nos meios de comunicação. O que me parece que ainda ninguém intuiu é que, para os alunos que provocam actos de indisciplina, estar fora da escola por alguns dias é um "oásis"; vão poder "divertir-se" e engrossar os grupos alargados de jovens e adolescentes que pululam, de dia e de noite, muitas vezes até largas horas da madrugada, pelas ruas do bairro, pelos cantos e becos, em conversas intermináveis, sabe-se lá sobre o quê, impedindo o repouso, pelo volume sonoro provocado pelos profícuos diálogos, a quem no dia seguinte tem que ir trabalhar e necessita descansar e, pior que tudo, sem que as famílias os controlem ou sequer saibam, ou até se importem, por onde andam ou o que fazem durante horas intermináveis na rua. Claro que quando os pais recebem a informação da escola acerca do processo disciplinar movido ao filho, ficam muito indignados e vão reclamar ao Conselho Directivo da "injustiça" e "perseguição" de que o seu rebento, sempre um exemplo de bom comportamento, está a ser vítima.
O problema, parece-me, não se irá resolver com nenhum "novo" estatuto do aluno. O problema é de autoridade, ou melhor, da falta dela. Falta de autoridade de um estado democrático numa democracia incapaz de resolver os seus problemas mais básicos. Falta de autoridade das escolas e dos professores porque ganharam medo aos alunos e às suas famílias e não sentem a cobertura do estado para se afirmarem enquanto agentes importantes da educação e que enquanto tal têm que ser respeitados. Falta de autoridade dos pais ou encarregados de educação porque não conseguem e, em muitos casos não querem, controlar os seus educandos, despejando-os nas escolas comos se estas os pudessem substituir nas suas próprias responsabilidades. Por último, ausência de um modelo educacional que nos diga, a todos, para onde o país quer e deve ir, indexando o estado, escolas, professores e demais agentes, proporcionalmente na componente que lhe diga respeito, a essa direcção. De outro modo, é o país e a democracia que continuarão no caminho do subdesenvolvimento social e económico.
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Jacinto Lourenço

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Se eu fosse Deus...

Agora, todo mundo está raspando com a colher o fundo da gamela para aproveitar as últimas partículas de sopa; daí, uma barulheira metálica indicando que o dia acabou. Pouco a pouco faz-se silêncio. Do meu beliche, no terceiro andar, vejo e ouço o velho Kuhn rezando em voz alta, com o boné na mão, meneando o busto violentamente. Kuhn agradece a Deus porque não foi escolhido. Insensato! Não vê, na cama ao lado, Beppo, o grego, que tem vinte anos e depois de amanhã irá para o gás e bem sabe disso, e fica deitado olhando fixamente a lâmpada sem falar, sem pensar? Não sabe, Kuhn, que da próxima vez será a sua vez? Não compreende que aconteceu, hoje, uma abominação que nenhuma reza propiciatória, nenhum perdão, nenhuma expiação, nada que o homem possa fazer, chegará nunca a reparar?
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Se eu fosse Deus, cuspiria fora a reza de Kuhn.”
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Fonte: Primo Levi em "É isto um Homem?" Via Laion Monteiro

sábado, 7 de agosto de 2010

Duas poiéticas que levam a obra a Abril

Se na poesia contemporânea portuguesa há dois poetas distintos no seu discurso poético e na sua poiética (o modo de construir seus poemas), são, sem dúvida, José Gomes Ferreira e António Ramos Rosa.
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José Gomes Ferreira trabalhava a metáfora lírica, grande parte dos poemas inserindo-se mesmo no que poderíamos dizer proximidade do surrealismo, mesmo nos seus poemas cujos referentes eram Memórias, «Na infância da janela do primeiro andar/ aquela rapariga de corcel nos cabelos» ou «O sol corria/ nos bibes do vento».
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António Ramos Rosa, por seu turno, está integralmente dedicado à poesia pura, e não encontro melhor exemplo do que o conteúdo do seu livro “Ocupação do Espaço”, e o das suas mais recentes obras. Poeta da linguagem, talvez o Saussure ou o Roman Jakobson das relações entre linguística poética e a ciência dos homens, uma antropologia no poema: «Oiço os murmúrios do sol. Saboreio o que sou.» ou «tenho o coração confundido e a rua é estreita», «soletro velhas palavras generosas» «Não posso adiar o amor para outro século».
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É interessante pois notar um pequeno poema de ARR cujos referentes são dois: Abril e o próprio Ferreira, o autor de Memória das Palavras. O gosto de falar de um poeta, fazendo-o crescer por detrás do sol, evocando-o profeticamente, sem a prisão cristalina e rochosa da Sibila (que não tem lugar na Poesia), como “homem de Abril”.
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O mês de Abril sempre surgiu nos poetas com a força das suas próprias raízes, que despontam, ancestrais. Desde Chaucer ( When April with his showers sweet with fruit) a Withman, até ao definitivo “Abril é o mais cruel dos meses, gerando / Lilases na terra morta).
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João Tomaz Parreira
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( Colaborador no Ab-Integro )

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Igreja Pobre / Igreja Rica

[ Título original do texto: "Uma igreja carente mas fiel" ]
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Igreja Haitiana já era pobre, depois do terremoto de 12/01, se tornou mais pobre ainda.
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Durante os dias que estive no Haiti pude verificar que dezenas de igrejas evangélicas foram completamente destruídas. Na verdade, vi pouquíssimas igrejas cujas construções não haviam sido danificadas pelo cataclisma de janeiro. Contudo, apesar da dor e do sofrimento proveniente do desastre, em nenhum momento vislumbrei qualquer tipo de reclamação ou murmuração por parte da Igreja Haitiana. Confesso que estou impressionado com a forma com que os haitianos cultuam a Deus. Os louvores cantados em seus cultos em momento algum exprimem valores antropocêntricos. Não vi, nem tampouco presenciei canções que fazem alusão à prosperidade terrena. Além disso, não presenciei nos momentos de louvor com música, apologia da quebra de maldições ou confissão positiva. Na hora das ofertas não vi ninguém incentivando o povo a ofertar tudo o que tinha em troca da unção dos últimos dias. Não testemunhei ninguém comercializando a unção da nobreza, nem tampouco observei pastores reivindicando titulos patriarcais. Caro leitor, de facto a igreja haitiana é pobre, no entanto, apesar da sua imensa pobreza pude perceber que ela continua fiel ao seu Senhor, e que ao contrário de parte da igreja evangélica brasileira que é rica, mantêm-se firme não negociando os valores cristãos. Pense nisso!
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"Churchill pediu Sigilo sobre Ovni"

( Foto D.N. )
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Divulgados ficheiros secretos em Londres
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Para evitar gerar uma onda de "pânico maciço" entre a população, Winston Churchill terá ordenado durante a II Guerra Mundial que um ficheiro que relata um encontro entre bombardeiros da Força Aérea Real e um objecto voador não identificado (ovni) fosse mantido em segredo durante, pelo menos, 50 anos. Documentos publicados ontem pelo Arquivo Nacional do Reino Unido dão conta de uma reunião na década de 50 entre o então primeiro-ministro britânico e o presidente americano Dwight Eisenhower, na qual os dois decidiram encobrir o o estranho avistamento. Entre os ficheiros disponibilizados consta também a informação de que, em 1957, os "inexplicáveis fenómenos aéreos" foram levados tão a sério pelo Governo de Londres e levaram à convocação de uma reunião entre os chefes das agências de informações britânicas para debater o assunto. Os 18 ficheiros dados a conhecer ontem são a mais recente publicação de um projecto de três anos que resultou de uma parceria entre o Ministério da Defesa britânico e o Arquivo Nacional. O dossiê conta já com cinco mil páginas sobre avistamentos de ovnis, cartas , desenhos e questões levantadas no Parlamento sobre esta temática. Sabe-se agora que em 1996, quando a série Ficheiros Secretos era bastante popular, o número de avistamentos reportados foi de 600, quase o triplo dos casos anuais registados desde 1990 .
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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Fé Versus Depressão

[ Título original do artigo : A fé é o melhor remédio ]

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A Depressão atinge pelo menos uma em quatro pessoas ao longo da vida, mas a fé em Cristo pode ajudar as suas vítimas
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Já virou lugar-comum dizer que a depressão é o mal do século. Aliás, ela já o foi no século passado, e entrou no terceiro milénio com força total, alavancada por uma série de factores típicos da modernidade, como o stresse da vida moderna, a falência dos relacionamentos interpessoais e, mais recentemente, o agravamento da crise económica global. A Organização Mundial da Saúde considera a depressão como a segunda maior causa de deficiência no mundo, depois apenas das doenças cardiovasculares, e a expectativa é que se torne a número um nos próximos dez anos. Nos Estados Unidos, de cinco a 10% dos adultos experimentam os sintomas da depressão. Mais de 25% das pessoas enfrentarão a depressão em algum momento das suas vidas, e quinze por cento dos adultos americanos fazem uso constante de medicamentos antidepressivos.[...]
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Continuar a ler artigo AQUI na Revista Cristianismo Hoje

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Vem aí um Pico de Actividade Solar

( Foto D.N. )
Erupção solar no início da semana poderá dar hoje origem a auroras boreais intensas nas latitudes mais a norte.
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Hoje, nas latitudes mais altas do hemisfério norte, deverá ser possível ver o espectáculo colorido das auroras boreais. O motivo vem do Sol. Depois de um período de sonolência um pouco mais longo do que o habitual, ele acordou na segunda-feira com uma enorme erupção na superfície. O resultado poderá ser uma aurora boreal intensa. O plasma composto de átomos ionizados dessa erupção foi ejectado pelo Sol na direcção da Terra e, à chegada aqui - o que está agora em curso - deverá dar origem a esse espectáculo de luzes verdes e vermelhas no céu. "Esta erupção vem direita a nós e deve chegar ao início do dia 4", explicou, citado pela Science Daily, o astrónomo Leon Golub, do centro Harvard--Smithsonian de astrofísica, sublinhando que "esta é a primeira grande erupção solar que vem na direcção da Terra desde há bastante tempo". A erupção foi apanhada no retrato pela sonda da NASA Solar Dynamics Observatory (SDO), lançada em Fevereiro para órbita exactamente para estudar o Sol, a sua estrutura e os seus humores. "Temos uma imagem linda desta erupção", disse o astrónomo, antecipando que ela pode "dar origem a outras, se desencadear auroras boreais". O mecanismo que está na origem deste fenómeno tem a ver com estas ejecções de plasma na superfície do Sol. Quando esses gases ionizados vêm direitos à Terra, interagem com o seu campo magnético (que protege o planeta de radiações cósmicas) e podem dar origem a uma tempestade geomagnética. As partículas solares "es- corregam" ao longo desse campo magnético, na direcção dos pólos, e, quando colidem com átomos de nitrogénio e oxigénio da atmosfera, estes brilham em tons de verde e vermelho. Esta erupção sucede a um período de sonolência do Sol, que em 2001 registou mínimos de actividade. Os ciclos de actividade solar duram em média 11 anos, e esta erupção mostra que ele está a entrar num novo pico máximo.
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A Essência de Deus

"... A fé é o impulso de todo ser para Deus, o comprometimento do mais profundo de si; se assim não for não se trata de fé. Um tal impulso seria delírio e loucura, não houvesse a certeza de que Deus é todo-poderoso para amar, que o amor, não o poder, é que é a essência de Deus; que o poder é um atributo do amor. Confiar-me sem reservas a um poder que poderia ser perigoso para minha liberdade seria loucura. Abandonar-me a um ser desprovido de poder seria igualmente loucura. E a ideia de um amor isento de poder ou energia é igualmente louca, insensata. Mas, ao contrário, o que se preenche magnificamente de sentido é a acolhida à Energia de amar. Ora, o Espírito Santo é isso: a Energia Divina de amar que nos foi dada.[...]
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Fonte: Fraçoise Varillon - "O Poder de Deus e o Poder do Amor" *** Via Ricardo Gondim

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A Necessidade da Graça

Decidi discorrer sobre a necessidade da graça, por causa de alguns irmãos nossos, que se deixaram envolver nesse erro - sem malícia alguma de sua parte, mas envolvidos entretanto. Ao exortarem alguém à justiça e à piedade, julgam que sua exortação opera pela força do homem junto ao homem, para que o esforço humano se exerça. Não crêem que a graça de Deus ajuda. O bom resultado vem unicamente do arbítrio da vontade livre. Como se ela pudesse ser bastante livre para realizar alguma boa obra, sem ser libertada pela graça de Deus. Não percebem ser dom de Deus o fato mesmo de poderem exortar com vigor a vontade preguiçosa do homem e levá-lo a iniciar vida honesta; a inflamar as vontades indiferentes; a corrigir as perversas; a converter as desencaminhadas; a pacificar as rebeldes. Pois só assim podem eles, de fato, persuadir aqueles a quem aconselham. E caso não o consigam, que fazem? De que servem tantos discursos? Que abandonem então os homens a seu livre arbítrio. *** Se conseguem exercer essa influência, que pensem: seria possível ao homem influir tanto com a sua única palavra sobre a vontade do homem, e Deus, com sua graça, nada poderia fazer? Bem ao contrário! *** Qualquer seja a eloquência humana para insinuar a verdade na vontade do homem, pela habilidade do raciocínio e suavidade do discurso, para alimentar a caridade, expulsar o erro pela doutrina e o torpor pela exortação, contudo "aquele que planta nada é; aquele que rega nada é; mas importa tão-somente Deus, que dá o crescimento" (I Cor 3,7). Em vão o operário multiplicará seus esforços exteriormente, se o criador não operar secretamente, no interior. ***
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"Sem a graça agindo no interior, nada vale a exortação exterior" ***
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Sto. Agostinho
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(354-430)
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Cartas a Proba e a Juliana: Direção espiritual, p.66-67. Ed. Paulinas.
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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A Culpa é Sempre dos Outros...

Temos a mania de transferir para os outros a razão de nossas frustrações. É mais fácil, menos doloroso, dizer que alguém é responsável por nossas agruras, do que encarar a realidade e enfrentar os desafios propostos pela vida. Uma vez, quando Jesus encontrou um homem que já fazia 38 anos que estava paralítico, perguntou se ele queria ficar curado. O homem, que estava à beira do tanque de Betesda, onde qualquer um que ali entrasse após um movimento periódico das águas ficaria curado de qualquer enfermidade (era o que se acreditava), não disse que sim. Disse apenas que não tinha ninguém que o ajudasse a ir para o tanque quando as águas se moviam. Transferiu para outros a causa da frustração que ele tinha. Nós fazemos isso o tempo todo. No caso do paralítico de Betesda, é como se ele dissesse: “a culpa por eu estar aqui é dos outros, que não me ajudam”. E talvez fosse mesmo. Com certeza os outros estavam sendo egoístas e não ajudavam aquele homem. Sejamos francos, a vida é, às vezes, muito cruel. E as pessoas são, muitas vezes, muito egoístas. O problema está em ficar a vida toda se lamentado disso. Ficar se lamuriando, se lamentando e posando de vítima de uma conspiração das pessoas contra você não vai resolver nada. É preciso reconhecer, também, que boa parte dos nossos reveses é causada por nossas próprias decisões mal tomadas. Isso é o que Henri Nouwen chama de “complexo do ferido”, quando a pessoa passa o tempo todo se queixando daqueles que o feriram, que não o ajudaram, que o abandonaram. Esse autor, um cristão admirável, escreveu que as pessoas que nós mais amamos, aquelas que nos rodeiam, em algum momento vão nos machucar. Elas são humanas. Assim, em vez de ficar se lamentando continuamente, é preciso compreender que os relacionamentos por vezes nos frustram e até nos machucam e perceber a segurança que há no relacionamento com Deus, e receber o Seu abraço. Ficar envolto em queixumes pode nos levar à paralisia. Ficamos paralisados em nossa vida, seja pela raiva, pelo ressentimento, pela mágoa, pelo desânimo, pela frustração. Falta-nos a coragem para perdoar quem nos feriu. Falta-nos ânimo para tomar as rédeas da nossa vida e prosseguir. Somos tomados pela letargia. A resposta de Jesus para aquele paralítico queixoso foi incisiva: “levante-se, tome sua cama e anda!”. Acredito que para aqueles que estão também paralisados por suas queixas e lamúrias diante da vida, revoltados com tudo e com todos, sempre lançando a culpa de seus fracassos nos outros, a palavra de Jesus é a mesma: “levante-se, toma a sua vida e prossiga!”. Às vezes é necessário levar um chacoalhão desses para acordar e se levantar. É preciso encarar os fatos, levantar a cabeça, tomar as rédeas da vida, como uma pessoa adulta, e avançar, prosseguir. Ficar fazendo manha como uma eterna criança não vai resolver. Penso que Deus nos quer maduros em nossa fé e capazes de enfrentar a vida, com todas as suas vicissitudes.
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Por Márcio Rosa da Silva***via Hermes Fernandes